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A Psicopatia da Perversão

Por Denise Maia

É fato que a falta de informação séria no assunto, tem-se transmitidos conceitos errôneos quando o assunto é PSICOPATIAS

Filmes e afins além de reportagens jornalísticas colocam os criminosos como psicopatas. Sem a diferenciação correta entre as psicopatias freudianas (perversões) e as “psicopatias misturadas” com marginalidade ou comportamentos antissociais.

Vale esclarecer sobre o conceito clássico freudiano, a fim de mostrar um panorama teórico-acadêmico sobre a perversidade/psicopatias.

O estudo da perversão deve-se inicialmente à Medicina, com sua visão patológica que a caracterizava como um “desvio”. Freud, em “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade", inicialmente, remete à criança enquanto ser sexual e à sua característica perverso-polimorfa, que pode permanecer no adulto, trazendo também as neuroses como o “negativo” da perversão. Freud relaciona perversão e o complexo de Édipo. E por fim, “O Fetichismo”, que culmina na recusa da castração e nas divisões do ego.

Outra grande confusão que se faz quanto ao conceito freudiano de LIBIDO e seu cunho sexual. De forma mais ampla a libido freudiana é o impulso, energia sexual positiva motivadora da vida e do prazer. Assim a libido tem funções vitais desde o nascimento com o sugar da mama gerando a sobrevivência da alimentação e o prazer de ver saciada a sua fome além do contato da boca ao seio que se faz prazeroso sendo então sexual por tratar-se de zona erógena (partes do corpo humano que geram prazer). Assim o ser humano é regido pelo Princípio do Prazer pela busca da satisfação de seus desejos e necessidades inclusive vitais, levando também ao seu desenvolvimento psicossexual.

Imprescindível conhecer os conceitos sobre ID, EGO e SUPEREGO. O EGO que se identifica à nossa consciência; o SUPEREGO, que seria a nossa consciência moral, princípios sociais e as proibições que nos são inculcadas nos primeiros anos de vida e que nos acompanham de forma inconsciente a vida inteira e o ID, que são os impulsos múltiplos da libido, dirigidos sempre para o prazer.

A confusão entre os conceitos de perversão e perversidade, por parte dos leigos se dá porque trazem um sentido moral e ético de uma sociedade, com um cunho pejorativo. Diverso do sentido freudiano que traduz um desvio sexual. Vale ressaltar que antes de Freud a sexualidade seriam somente atos ligados à reprodução. Após, o conceito foi ampliado a “todos movimentos vitais tanto tendem à conservação do indivíduo, como comportam um quantum de satisfação erótica ou de negação dessa forma de prazer. Há libido investida em todos os atos psíquicos, de uma forma ou de outra”. A forma como essa libido é usado vai determinar a integridade física e mental do sujeito podendo causar prejuízos a si e a sociedade.

 

Freud, usa o termo para se referir a uma teoria, um método interpretativo e a uma prática profissional. Enquanto teoria, a psicanálise caracteriza-se por um conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. Freud formulou leis gerais sobre a estrutura e o funcionamento da psique humana. A psicanálise é um método de investigação-interpretativa e empírica, que busca o significado oculto daquilo que são manifestos por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos.

A ANÁLISE é a sua prática profissional. Através do autoconhecimento ocorrerá a cura. Pela conversação (associação livre) e a partir da interpretação dos fenômenos psíquicos, leva-se o paciente a identificar as origens de seu problema, como um método de “cura”.

Freud, inova o conceito de doença mental divergindo da comunidade científica ao delinear em “Três ensaios da Perversão Sexual” (1905-1927), com a distinção entre a perversidade e a perversão sexual. Reconhece “a disposição às perversões é a disposição originária e universal da pulsão sexual dos seres humanos". Sendo de certa forma natural no homem. Trata-se de uma “estrutura psíquica: ninguém nasce perverso, torna-se um ao herdar, de uma história singular e coletiva em que se misturam educação, identificações inconscientes, traumas diversos”.

O segundo ensaio, é uma reviravolta no desenvolvimento teórico do pensamento analítico quanto à neurose e à perversão, com seu estudo sobre a gênese das perversões, intitulado "Bate-se numa criança: uma contribuição ao conhecimento da gênese das perversões sexuais". Compreende que a fantasia de espancamento e outras fixações perversas análogas são precipitadas do complexo de Édipo, cicatrizes deixadas pelo processo que expirou.

Com terceiro ensaio, novo desenvolvimento metapsicológico; amplia as suas concepções acerca do fetichismo. Faz a correlação entre a perversão fetichista e um mecanismo próprio de defesa contra a castração: Assim, a perversão ganha o status de categoria clínica, fazendo série com a neurose e com a psicose.

Nos seus “Três Ensaios” freudianos destacam-se três modelos:

O primeiro modelo baseia-se no axioma: "a neurose é o negativo da perversão".

 O segundo momento relaciona-se com a teoria do complexo de Édipo, núcleo das neuroses e também das perversões.

O terceiro momento, define a parcialidade da castração simbólica (nomeada como recusa à castração dos neuróticos) como mecanismo essencial da perversão.

 

 

Freud trata o conceito de perversão como a permanência na vida adulta de características perverso-polimorfas, típicas da sexualidade pré-genital infantil, em detrimento da sexualidade genital por ele considerada normal.

Freud expõe que é na infância que ocorre a estimulação das zonas erógenas do corpo, e todas essas práticas constituem a sexualidade normal de cada indivíduo. Assim, a criança é um sujeito sexual que procura se experimentar e então se descobrir. Ela tem inúmeras práticas que estavam listadas na classificação de perversão. Seja na masturbação “normal”, nos jogos sexuais ou em seu relacionamento com animais, a criança é um perverso polimorfo, no sentido de ser capaz de assumir diferentes formas dentro desse contexto. Afirma que esse polimorfismo das manifestações da sexualidade infantil e o fato de que seus desvios intrínsecos, se encontram em todos os seres humanos.

A perversão se caracteriza por uma fixação do desvio quanto ao objeto de desejo, e pela exclusividade de sua prática. Essa sexualidade estaria definida e cristalizada, por conta de um prejuízo na estruturação do Édipo na vida da criança. O perverso sabe o que quer, sabe o foco do seu desejo, mas nega a raiz de onde ele se originou, considerando a realidade e ao mesmo tempo a negando, substituindo-a pelo seu próprio desejo.

Essa estrutura da personalidade inicia-se a partir da infância, pois a criança é um sujeito sexual que constantemente se experimenta e então se descobre. A partir daí, desse experimentar e descobrir, é que encontramos a distinção da perversão para com a normalidade.

Comumente se relaciona a psicopatia aos comportamentos violentos com o único objetivo, que é a maldade. São os que não se relacionam com empatia na sociedade, que não são afetuosos ou não possuem sentimento de culpa. A associação entre psicopatia e violência é muito frequente, o que faz com que se acredite que o psicopata se comporte como um louco assassino.

As características dirigidas aos ditos psicopatas são: egocentrismo, manipulação, impulsividade, megalomania, não estabelecimento de vínculos, sem medo de punição, necessidade de controle, intimidação.  Colocam o psicopata como uma pessoa que não possui uma vida “normal” e, portanto, deve ser considerado alguém com desvio de personalidade ou de personalidade antissocial.

A psicanálise nos coloca para pensar o sujeito através de conceitos como a pulsão, o inconsciente, o complexo de Édipo, bem como, pelas fantasias, pelos mecanismos de defesa e pelo superego. Dessa forma, pensar a psicopatia pela via psicanalítica é fazer referência à perversão, que se delimita a partir da passagem do sujeito pela castração.

Na Estrutura Clínica da Perversão, temos que o sujeito desmente a castração, ou seja, apesar de conhece-la, nada quer saber. A castração, que acontece na passagem do Complexo de Édipo é o momento crucial para a criança, que depende desse momento para fazer ou não relação com a lei, com o simbólico e com o mundo.

Não podemos, dentro da teoria psicanalítica, apontar o que é considerado normal ou anormal, certo ou errado, para dizer da castração ou mesmo do Complexo de Édipo. Cada Estrutura Clínica (Neurose, Perversão ou Psicose) diz de um sujeito e de um tipo de submissão à castração.

Um psicanalista não deve, portanto, definir uma estrutura no nível da fenomenologia dos sintomas; ele deve identificar como o cenário de gozo na fantasia se coloca em relação ao desejo inconsciente, pois o que diferencia a estrutura neurótica da perversa é a posição que o sujeito ocupa diante do Outro na fantasia, no jogo entre o sujeito e o seu parceiro.

Assim, não podemos igualar a psicopatia a uma patologia mental. O psicopata não é doente, nem louco. Talvez o que diferencie o psicopata de qualquer outro perverso seja a maldade ou a malignidade de seus atos. O perverso não psicopata segue, pelas vias da própria perversão, certos caminhos para sua satisfação, que vão de encontro com os objetos (materiais ou comportamentais) colocados no lugar da falta (para não reconhecer e não se submeter à castração).

O perverso usa o desmentido para lidar com a castração, da mesma forma, o faz para lidar com a angústia da falta (resultado da castração) e com a relação com o outro, com a lei e com o mundo (objetivo da castração). O sujeito perverso não quis saber (negação) da castração, não quis saber da angústia, não quis saber da lei que coloca o outro como ordenador.

Essa forma de lidar com a castração sugere que o perverso ignora a lei social. Quando sua via de satisfação encontra lugar na relação sexual, trata disso de forma discreta e secreta. Quando coloca o poder, o discurso ou o dinheiro como via de satisfação, pode ser grande líder, palestrante ou empreendedor.

O perverso, por desconsiderar a lei simbólica e sua própria angústia, desconsidera também o outro, enquanto sujeito de escolhas e de sentimentos. Usa da manipulação para alcançar seus objetivos. Sem culpa e sem escrúpulos, faz com que o outro se angustie inclusive se sinta culpado. É capaz de dar um golpe numa pessoa sem recursos e indefesa, e ainda, faz a pessoa acreditar que a culpa é dela.

Diferenciar o perverso do psicopata não é tarefa tão simples para a psicanálise, visto que não podemos creditar ao psicopata apenas os comportamentos assassinos e violentos. O psicopata age, independente do tempo ou da pessoa, com prazer na superioridade, na maldade ou na enganação, ou seja, na possibilidade de fazer ou outro sofrer. E mais uma vez, não somente pela via da agressão. Nem todo assassino é psicopata e nem todo psicopata é assassino.

Há uma intransigência na relação com o outro, quando se sente compelido a transgredir qualquer lei. Sua intenção não é maltratar, mas buscar sua satisfação. O sofrimento alheio devido a sua manipulação não tem a intenção de pura maldade.

Já o psicopata tem satisfação na superioridade e maldade, mas não necessariamente, a maldade da agressão ou da violência. Sua maldade pode estar numa atitude inescrupulosa ou mesmo de domínio.

O psicopata acredita que está acima do bem e do mal, da vida e da morte, por isso joga com sua superioridade e sua manipulação, para assim, se sentir no controle de tudo e de todos.

O quadro psicopático será então uma estruturação defensiva da personalidade, para encobrir uma profunda falha. Caracterização por perturbações da identidade, das relações sociais e da comunicação.

Há quatro pontos em destaque: dificuldade de utilização do pensamento como ação de ensaio e assim, tem a incapacidade de tolerar frustrações tendo uma conduta aloplástica (atuação de um indivíduo sobre o meio ambiente para manter o equilíbrio entre este e o ego) e portanto, a lidar com as angústias.

A Perversão, é o desvio, por parte de um indivíduo ou grupo, de qualquer dos comportamentos humanos considerados normais e/ou ortodoxos para um determinado grupo social. Os conceitos de normalidade e anormalidade, portanto, variam no tempo e no espaço, em função de várias circunstâncias do mundo exterior.

A perversão distingue-se da neurose e da psicose como modo de funcionamento e organização defensiva do aparelho psíquico. O termo é utilizado com o sentido específico de perversão sexual, ou desvio sexual.

Perversões de conceitos morais também foram atribuídas a perturbações de ordem psíquica, que dariam origem a tendências afetivas e morais contrárias às do ambiente social do pervertido.

Numa perspectiva sócio-histórica e clínica, a perversão poder-se-ia constituir em uma única anomalia psíquica do indivíduo, ou fazer-se acompanhar por alguma doença mental intercorrente. O comportamento do pervertido seria, então, determinado pelo seu nível intelectual: enquanto as perversões dos com o "nível intelectual inferior" seriam impulsivas, brutais, praticadas sem rebuço, as dos "indivíduos de bom nível intelectual" seriam quase sempre astuciosas, dissimuladas, encobertas.

Modalidades de prazer e satisfação apontados como perversões, por desvios sexuais do ponto de vista social como enofilia, cromofilia, aparentemente sem cunho sexual, diferem do sadismo, masoquismo, fetichismo; e de outras, definidos como atos criminosos: pedofilia, zoofilia, necrofilia, exibicionismo, voyerismo. O delito cumpre seu papel na lei social e não na lei simbólica. O perverso pode ter como via de prazer e satisfação a relação com o poder, com o encantamento, com o dinheiro.

Na medicina sexual moderna, considera-se perversão quando o comportamento individual de excitação sexual somente se dá em resposta a objetos ou situações diferentes das tidas como normais, e quando esse comportamento interfere na capacidade do indivíduo de ter relações sexuais e/ou afetivas tidas como normais, dá-se o nome a essa disfunção de parafilia. A masturbação também foi considerada perversão sexual no passado. Vê-se claramente a relação entre os costumes, a organização social e o comportamento individual.

Freud trata a perversão como desvio da conduta sexual que não visa a genitalidade. Era restrito ao comportamento homossexual, sado-masoquista, fetichista, entre outras modalidades de cópula que não se orientavam pela penetração peniano-vaginal.

Mais tarde Freud percebe que a escolha narcísica de objeto, ou seja, a escolha homossexual de objeto feita de maneira recorrente pelos homossexuais, pedófilos e fetichistas mostram um modo de funcionamento psíquico e discursivo diferente das neuroses e das psicoses.

Na Introdução ao Narcisismo, ao discorrer sobre seus estudos onde a patologia do "amor próprio" começa a ficar claro a diferença que ele percebe em relação aos neuróticos e psicóticos.

A patologia neurótica se caracteriza pelo recalque do desejo durante o Complexo de Édipo. A somatização de conversão histérica, por exemplo, está ligada a um desejo sexual que não foi satisfeito pelas vias normais.

Na patologia psicótica há uma rejeição da realidade e do Complexo de Édipo. Os delírios, alucinações de depressões são uma tentativa frustrada de dar sentido e lógica a uma visão de mundo particular.

Já na patologia perversa o que ocorre é recusa da Castração Edipiana. O perverso não aceita ser submetido as leis paternas e, em conseqüência, as leis e normas sociais. Ele não rejeita a realidade e nem recalca os seus desejos. Ele escolhe se manter excluído do Complexo de Édipo e da alteridade e passa a satisfazer sua libido sexual consigo mesmos (narcisismo). Este é o motivo de todo o perverso ter uma escolha homossexual de objeto, sendo representado por ele mesmo em alguém do mesmo sexo ou do sexo oposto.

Eis alguns sintomas da estrutura patológica da perversão: Simbolização flexível, fetiche, sedução, escolha narcísica de objeto, incômodos com a autoridade/moral/lei/ritual social.

 

Durante os séculos XIX até metade do XX o termo psicopatia vem sendo ampliado embora ainda usado como sinônimo de doença mental.

Na segunda metade do século XX, o conceito restrito de psicopatia foi-se associando ao comportamento antissocial, devido dar-se mais valor aos fatores externos na formação dos transtornos. O que predomina atualmente.

O sujeito “antissocial” não o é todo o tempo. Falta de senso de responsabilidade, deslealdade e falhas no caráter são alternadas com condutas socialmente aceitas. Pode viver dentro das normais sociais por longo tempo e um dia ignorar tudo para cometer atos ilícitos. Impossível prever a duração de sua conduta socialmente aceita, sendo certo que haverá uma recidiva.

O psicopata não consegue aprender com seus erros, apesar de possuir uma Inteligência acima da média. A punição previsível não o persuade de suas más condutas. Sua vida sexual é caracterizada por “práticas sexuais desviantes (inclusive incestuosas), sem que isso forme um padrão de comportamento. O homossexualismo raramente é encontrado, ao menos enquanto a única forma de orientação sexual. As relações sexuais, que podem ser de vários tipos, são impessoais e não implicam relacionamentos afetivos duradouros.

O modo como o sujeito lida com tudo isso é o que o leva a como conduzir essa perversão “natural” em na sua vida: terá então comportamentos de rebelião, superação, sublimação - ou, ao contrário, crime, autodestruição e outros.

“Uma diferença entre neuróticos é que enquanto eles funcionam psiquicamente adequando o ego às exigências do ambiente, recalcando conteúdos conflitantes e angustiantes, no perverso, o ego fica à mercê do id, sujeitando-se a ele, rejeitando a realidade, apropriando-se de uma realidade substituta, onde ocorreriam as alucinações e os delírios. Na perversão, o desejo aparece como vontade de gozo, e o ato é praticado geralmente como vitorioso, isento de culpa. O perverso sabe o que quer, enquanto o neurótico reprime esse desejo. “

Quanto ao aparelho psíquico do perverso difere dos neuróticos e psicóticos. Agora o ego negocia suas exigências com os desejos do id e com a realidade. Os perversos colocam em prática aquilo que os neuróticos não têm coragem de manifestar. Inclusive, estes reprimem, recalcam muitos dos atos característicos dos perversos, isto é, na perversão é possível considerar, ao mesmo tempo, as exigências do id e as da realidade, sem que uma anule ou interfira na outra. Não há nem o recalcamento dos desejos, como ocorre na neurose, nem rejeição à realidade, como ocorre na psicose.

A perversão é como um tipo específico de estruturação subjetiva, desejo e fantasia. A psicanálise advoga o princípio de que a sexualidade infantil possui a característica de ser perversa, por explorar, exagerar e transgredir os diferentes modos de satisfação, e de ser polimorfa, por admitir muitas formas, modeláveis e variáveis.

A perversão no adulto diferencia-se disso por seu caráter de fixidez (uniforme) e pela função subjetiva de desautorização da lei. Inscrita na estrutura ID/EGO/SUPEREGO, a perversão aparece como uma renegação ou um desmentido da castração, com uma fixação na sexualidade infantil.

Parte dos psicanalistas, de uma forma ampla, o problema do perverso vem do aparelho psíquico, onde o ID predomina em sua vida: pois, a única coisa que importa é o prazer próprio. E não importa se for preciso pisar e prejudicar o próximo para atingir os objetivos.

A psicopatia, não é uma doença que transforma a pessoa em um serial killer, mas, é uma estrutura da personalidade que se inicia a partir da infância, quando a criança é um sujeito sexual que constantemente se experimenta e então se descobre. E, a partir desse experimentar e descobrir, é que se pode encontrar a distinção da perversão para a “normalidade”.

O conceito de perversão, se inter-relaciona com o transtorno de personalidade antissocial, porém, com suas particularidades. Portanto, a psicopatia não é sinônimo de doença.

Perversos fazem parte da nossa rotina. Seus transtornos ou sintomas nem sempre aparecem na forma de surtos, alucinações ou delírios (esquizofrenia, bipolaridade) muitas vezes não perdem o juízo da realidade. Há que se diferenciar o normal pervertido ou o indivíduo perverso, considerando o que a sociedade estipula como “aceitável”.

As perversões não são bestialidades nem degenerações no sentido vulgar. São o desenvolvimento de germes contidos, em sua totalidade, na disposição sexual indiferenciada da criança, e cuja supressão ou redirecionamento para objetivos assexuais mais elevados — sua “sublimação” — destina-se a fornecer a energia para um grande número de nossas realizações culturais.

Temos por um lado, a aprendizagem, os significados atribuídos ao conceito de normalidade subordinam-se àquilo que foi recebido da sociedade, da cultura, das instituições em que o indivíduo está inserido. Por outro lado, os significados se processam e se transformam a partir das ações e pensamentos do próprio indivíduo, fazendo com que este se torne aquilo que ele é -  perverso ou não.  Incluindo a questão da escolha sobre enfrentar ou não consequências.

Somos produto de nossas experiências, vivências, adquirindo um “sentido pessoal” acerca de tudo isso. Cabe a cada um, portanto, a atribuição de significado daquilo que chega a nós, é necessário discernir e escolher as normas e o perverso para nossas vidas.

Portanto é o próprio indivíduo, dentro da sua sociedade, que deve relacionar e discernir o normal e o “pervertido”, já que o “aceitável” nada mais é que uma convenção social. Somos necessariamente seres sexuais, transferindo, recalcando, liberando nossa libido, e variando inclusive nosso objeto de interesse ao longo da vida, estando ele dentro da perversão, ou não.

A perversão será então um conjunto de comportamentos psicossexuais que buscam um prazer de forma contínua. Somos necessariamente seres sexuais, transferindo, recalcando, liberando nossa libido, e variando inclusive nosso objeto de interesse ao longo da vida, estando ele dentro da perversão, ou não.

Cabe uma última colocação: Qual é a sua perversão?

 

1 – site Fãs da Psicanálise – artigo:  Psicopatia – Uma Reflexão Psicanalística.

2 - Conceito de psicopatia: elementos para uma definição – artigo de MARIA S. G. F. BITTENCOURT.

3 – Artigo: A Psicopatia a partir da Psicanálise: desmistificando a visão da mídia - Jordan Prazeres Freitas da Silva.

 3- site Pedagogia ao Pé da Letra – artigo: Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade.

4 – artigo do seminário “Perversões em Freud e nos Pós-Freudianos” – Relações entre a Histeria e a Perserversão – Isaac Levensteinas – 2005.

5 – site psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/perversão-a-luz-da-psicanalise.

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