
Interpretação dos sonhos – Uma visão psicanalítica
Por Denise Maia
Não há como se falar em interpretação de sonho, a partir do século XIX no que se refere ao avanço dos estudos neurofisiológicos, mas primordialmente através dos estudos de Freud (1900), o que se faz imprescindível a leitura do clássico “Interpretação dos Sonhos”. Neurobiologia e Psicanálise devem ser complementares como tratamentos. Para a primeira o sono é consequência de um processo fisiológico cerebral. Na Psicanálise o sonho é o foco porque traduz o inconsciente, um trabalho mental com o objetivo de realização de desejos.
Com o surgimento do conceito freudiano de Pulsão de Vida e Pulsão de Morte, além dos conceitos de ID, EGO E SUPEREGO, as considerações sobre o efeito de sonhar foram vistas como um caminho real para o inconsciente. Através da técnica interpretativa do processo analítico e pela associação-livre, o conteúdo onírico manifesto revelará o significado latente do inconsciente do indivíduo. Freud analisou os sonhos, inclusive os próprios, considerando como conteúdo emocional significativo, além de poder conter causas subjacente de distúrbios mentais devido aos sonhos serem um diferencial entre o saudável e o patológico.
Ainda neste contexto podemos destacar os conceitos de PULSÃO VIDA e PULSÃO MORTE, no dilema busca do prazer e da autoconservação onde o inconsciente encontra senão um paradoxo, uma dicotomia, um dilema.
A técnica de Freud é realizada em cada indivíduo de forma personalíssima, considerando não só o sonho em si, mas todo o contexto de vida do sonhador e suas associações, incluindo os simbolismos, o que deu o nome de conteúdo manifesto e conteúdo latente. Freud ainda destacou que todo sonho em um “centro indomável”, “o umbigo do sonho”, que seria a parte inacessível do sono.
Em seus estudos Freud pesquisou várias literaturas, desde a filosofia até a medicina, os Clássicos da Antiguidade e também a psicologia de sua época. Chegou à conclusão de que a produção do sonho provém de estímulos externos percebidos pelo indivíduo que resulta nos estímulos internos, sendo ambos as fontes donde surge o ato de sonhar. Incluindo as variáveis orgânicas. Porém é a realidade psíquica interior e o Princípio do Prazer que são os responsáveis pela formulação das fantasias e sonhos.
Fantasias são distorções do conteúdo latente, são o disfarce do ID para driblar o Superego. O sonho traz uma mensagem incógnita por meio de imagens e signos passíveis de decifração, através da análise psicanalítica, daquilo que o paciente narra.
A análise freudiana inclui todos os elementos do contexto do sonho, que são únicos e particulares de cada indivíduo devido as suas relações com o cotidiano, o meio cultural e linguístico de cada um. Sendo isso o que torna possível averiguar a história do sujeito e como isso se relaciona com o significado do sonho.
Para que um sonho seja interpretado é importante que não seja entendido de uma só vez, na sua totalidade, pois devido a ser formado no inconsciente só existem afetos e fragmentos da realidade, logo muito confuso no primeiro momento.
São destacadas por Freud seis categorias do processo onírico:
1 - os sonhos são realizações de desejos;
2 - as ideias oníricas são de caráter alucinório. Como o próprio Freud dizia: “Fecha-se os olhos e alucina-se; torna-se a abri-los e pensa-se com palavras”. Do caráter alucinatório, Freud destaca que o sonho é uma possibilidade de regressão;
3 - nos sonhos possuem conexões absurdas, contraditórias e estranhamente loucas. Essas alucinações ocorrem por dois motivos: o primeiro é o que ele chama de “compulsão associativa” e o segundo é o do esquecimento que atinge parte das experiências psíquicas do sonhador;
4 - Os sonhos carecem de descarga motora: “Nos sonhos ficamos paralisados”;
5 - a lembrança dos sonhos é fraca, pouco dano causam em comparação com outros processos primários;
6 – quanto a consciência que os sonhos fornecem, como na vida desperta, da mesma forma, a consciência estará nos acompanhando durante esse processo.
O método de Freud utiliza dois modos de interpretação na sua elaboração onírica:
- a interpretação simbólica – como a Arte, o sonho é um todo e depende de dons particulares do intérprete;
- e a interpretação por decifração observando os elementos do sonho de forma isolada, em que cada imagem responderá de per si.
“A interpretação de sonhos é a via real que leva ao conhecimento das atividades inconscientes da mente”.
Portanto os sonhos não são absurdos, possuem sentido e são realizações dos desejos. Os sonhos são tidos como fenômenos psíquicos, devido ao fato de serem produções e comunicações da pessoa que sonha. É pelo relato fiel do sonhador que ocorrerá a análise. O sonhador sabe o significado de seu sonho, embora a censura o impede de reconhecer o que poderá ferir sua moral.
“A função da interpretação é exatamente a de produzir a inteligibilidade desse sentido oculto”
Todo conteúdo onírico é derivado da experiência humana. No entanto, esse material não é imediatamente acessível nem ao sonhador, nem psicanalista. Pois o sonho é uma forma disfarçada de realização dos desejos os quais são censurados; esse efeito é a deformação onírica para proteger o sujeito do caráter ameaçador de seus desejos. É o substituto deformado de uma outra coisa, de um conteúdo inconsciente.
Haverá sempre dois conteúdos intrínsecos nos sonhos: o conteúdo manifesto, aquilo que é lembrado. E o conteúdo latente, o oculto, o que está no inconsciente. Portanto, para interpretar o sonho é possível somente utilizando-se a linguagem e não as imagens oníricas. O analista usa os enunciados do sonhador para observar novos enunciados – os mais ocultos e primitivos, que serão a expressão do desejo latente.
Devemos compreender o desejo como uma ideia ou um pensamento, algo completamente distinto da necessidade e da exigência. O desejo se apresenta como fantasias, que podem ou não ser realizadas para satisfazer o indivíduo. Assim o desejo poderá reprimido e seus pensamentos serão censurados e deformados pela atividade onírica.
A expressão do desejo através do sonho: Antes de mais nada devemos compreender o que vem a ser um desejo. Fica claro que a matéria-prima dos sonhos é o pensamento que possui um sentido e um valor, tal qual na linguística – um significante e um significado. Ainda podemos destacar os chistes e atos falhos como expressões do inconsciente expostos na linguagem. Da mesma forma podem surgir nos processos oníricos.
Para Freud, os desejos têm três origens possíveis:
A) Restos diurnos não – satisfeitos, que foram despertados por algum motivo externo que não foi concretizado.
B) Restos diurnos recalcados, que surgiram durante o dia, mas foram suprimidos.
C) Desejos que nada tem que ver com a vida diurna, mas que surgem durante o sono.
Há ainda uma quarta fonte de desejos oníricos, que são os impulsos decorrentes de estímulos noturnos (fome, sede, sexo etc).
Certos sonhos provocam ansiedade e angústia no sonhador, uma vez que o sonho reproduz a alguma insatisfação do sonhador, devido a repulsa e censura do seu inconsciente.
Primeiramente Freud os viu como que contra ao conceito de que os sonhos seriam a realização de desejos o que tornava impossível confirmar seus estudos como uma fórmula geral sobre o Princípio do Prazer. Mas em 1911, conclui que os sonhos de angústia são como falhas na produção onírica sendo a angústia o oposto do desejo latente.
O dilema do sonhador é realizar seus desejos e ao mesmo tempo os repudiar e censurar. Então, a realização de certos desejos inconscientes, podem produzir o prazer ou a ansiedade ao ego sonhador. “Os acontecimentos podem provocar prazer ao nível do sistema inconsciente e ansiedade ao nível do sistema pré-consciente”.
Dessa forma, os sonhos desagradáveis são realizações de desejos, em que o sonhador consegue libertar o inconsciente.
A angústia no sonho exerce o papel de evitar que o sonhador enfrente algo para o que não está preparado, por isso acordar sobressaltado seria uma auto-conservação psíquica evitando que o sujeito se defronte com algo ameaçador e psiquicamente intolerável e que não está pronto para ver a verdade que irá revelar sobre si mesmo – o que Freud denominou como “umbigo do sonho” como o ponto onde o sonho é insondável e se interrompe a possibilidade de sentido.
Freud também destaca os sonhos de PUNIÇÃO. A punição também é uma realização de desejo: o desejo do sonhador se autopunir por ter um pensamento proibido.
As “fantasias” do conteúdo manifesto do sonho são o modo de satisfazer o impulso do ID e seus desejos e impulsos reprimidos do inconsciente – conteúdo latente.
Esses conteúdos têm origem no inconsciente e foram reprimidos pelo ego; e também nos acontecimentos do dia-a-dia (restos diurnos) e em causas orgânicas como fome, sede, frio, necessidade de urinar, etc.
A análise vai recair nas significações complexas do sonho – o conteúdo manifesto distorcido leva ao conteúdo latente. As imagens reais (fantasias) e pensamentos após análise revelam o que estava disfarçado, deformado e distorcido – os desejos inconscientes do sonhador. São os processos de deformação. Então o conteúdo latente após decifrado trará o real significado – os desejos reprimidos pelo ego e afastados da consciência.
Durante o sono, o EGO é diminuído e, o ID traz esses desejos pelo processo de elaboração onírica, portanto trata-se de um processo inconsciente, quando o ID dribla a censura do EGO para evitar a angústia, os medos, as culpas, as raivas, etc. do indivíduo. Todo esse processo serve para que o sonho passe pela censura da parte inconsciente do EGO.
“Uma função psíquica encarregada de compensar, de suavizar, de substituir, mesmo, uma realidade que nos é hostil, por outra, totalmente diferente, onde um novo mundo se descortina diante da alma e onde todas as nossas ações parecem absurdas, justamente porque as mais censuráveis, na sociedade em que vivemos, gozam, enquanto dormimos, de uma espécie de liberdade condicional, quando se expandem nos sonhos.” (Gastão Pereira da Silva)
Para melhor compreender o sonho Freud distinguiu quatro etapas:
1 - O conteúdo latente:
- é a primeira etapa do processo de sonhar, para a sua formação são somadas as impressões sensoriais que são aquelas captadas pelo sentido durante o sono como o barulho, vontade de urinas, calor, fome, etc; os pensamentos sobre acontecimentos do dia abrangem todas as recordações que são acessíveis ao ego (pensamento do indivíduo), além de sentimentos como medo, esperança, humilhação, ou qualquer coisa esteja sentindo e, os impulsos do ID que são aqueles reprimidos pelo superego, geralmente relativos a infância pré-edipiana, que é o período no qual o indivíduo é submetido à proibição de seus desejos.
2 - O conteúdo manifesto:
- devido ao sonho ser destituído de ética, coerência, ou lógica, quando se está sonhando, ocorre a indistinção de aspectos, como: a paixão da agressão física, a alegria da reprovação, a insegurança do prazer físico, etc; que são censurados pelo indivíduo enquanto acordado. A relação do conteúdo latente com o manifesto torna-se muito complexa, uma vez que essa distinção não é detectada a priori, por exemplo como a uma preocupação da fase infantil ou da atual.
3 - A elaboração primária do sonho, onde os impulsos reprimidos do ID são disfarçados a partir de distorções, que geram as fantasias ocorridas nos sonhos. Essas deformações são uma espécie de censura inconsciente do ego que age sobre os impulsos até que estes se tornem aceitáveis pela moral, vivências e exigências sociais as quais o indivíduo está inserido.
4 - A elaboração secundária é a última fase do sonho, na qual ele é reestruturado pelo inconsciente para que, ao despertar, o sujeito possa entender o sonho em forma de história, com uma certa coerência e linearidade. Passa pelo processo de censura, pois é uma forma de não deixar que os impulsos do ID sejam expostos como autopreservação.
Os mecanismos de deformação causados pelo EGO e elaboração do sonho:
1) Dramatização ou concretização – pensamentos abstratos convertidos em imagens concretas, personagens em ação, como no teatro. Essas operações mentais inconscientes formam o sonho manifesto. Os fragmentos dos sonhos condensados e deslocados da racionalidade na vigília são transformados em cenas mesmo que sem sequência lógica ou até absurdas e muitas vezes distintas do que foi vivenciado pelo sonhador.
2) Condensação – os pensamentos, desejos e sensações que fazem parte do conteúdo latente tendem a se condensar. Neste processo há uma única imagem onde estão juntos pensamentos, sentimentos e desejos. Uma única pessoa pode representar características de várias pessoas da vida do indivíduo. Os vários elementos como ideias e símbolos se combinam num sonho compacto. Numa única imagem cabem várias cadeias associativas que através do relato manifesto aparece como um resumo dos pensamentos latentes. É a transformação dos pensamentos oníricos em conteúdo onírico numa compressão de volume numa versão abreviada dos pensamentos latentes.
3) Deslocamento ou projeção - é o processo mais frequente que produz a distinção entre o pensamento dos sonhos e o conteúdo dos mesmos, pelo qual os desejos sobre uma pessoa ou objeto são representados por outros indivíduos ou objetos - é a transferência da energia da pulsão de uma imagem para outra. O processo de deslocamento da intensidade psíquica é o resultado da ação de uma força psíquica que atuará em dois sentidos: retirando a intensidade de elementos que tem alto valor psíquico e criando a partir de elementos com baixo valor psíquico, novos valores que penetram no conteúdo dos sonhos. Tem a função defensiva quando ocorre a substituição de uma imagem ou acontecimento para manifestar um sentimento que estava oculto, causando então um conforto no sonho.
“O aspecto mais significativo do sonho pode se apresentar de modo a quase passar despercebido, ao passo que os aspectos secundários aparecem, às vezes, ricos em detalhes. Nisto constitui o deslocamento da energia de uma imagem para outra” (JABLONSKI, s.d.).
4) Desdobramento – ocorre quando uma pessoa ou objeto do conteúdo latente é correspondido por duas ou mais do conteúdo manifesto.
5) Simbolismo - os pensamentos oníricos assumem símbolos, os quais são uma série de metáforas com certa poeticidade no conteúdo manifesto. Esta é a forma peculiar do sonho com uma racionalidade e inteligibilidade bem distinta do pensamento em vigília. Em diferentes sonhos um determinado elemento concreto do conteúdo manifesto está relacionado com o elemento reprimido do conteúdo latente.
Certas imagens dos sonhos têm sempre um mesmo significado. Freud fornece uma grande lista de símbolos inconscientes constituída de objetos que se referem, sobretudo à sexualidade.
6) Inversão da cronologia – na presença de uma carga emocional muito grande o seu conteúdo é transformado metaforicamente em um objeto para que possa ser censurado; há então uma inversão da ordem.
7) Elaboração secundária – trata-se de um processo mental do inconsciente de forma que o conteúdo latente do sonho se torne manifesto, mas que de certa forma sofre um efeito de censura, como uma remodelação do sonho a fim de que se apresente com uma história relativamente coerente e compreensível, tirando a aparência de absurdo e de incongruência do sonho, remanejando parte ou totalmente alguns elementos.
8) representação pelo nímio – sem o desejo tem um papel insignificante na elaboração onírica acaba ficando em segundo; numa elaboração secundária caracterizada pela formação de uma lógica compreensível com o objetivo de representar a realidade.
9) Representação pelo oposto – ocorre quando um há um conteúdo latente de intensa emoção mas aparece no conteúdo manifesto como totalmente desprovido de calor sentimental. Assim, se há ódio os personagens irão estar e total harmonia, quem parte na verdade quer ficar, quem ama manifesta ódio ou rejeição. Isto é, quando um personagem do sonho ou o próprio sonhador tem uma reação oposta aos que está sentindo na realidade.
A linguagem do simbolismo nos sonhos:
A simbologia de cada sonho depende de como cada objeto está vinculado ao sonhador assim como seu valor sentimental. A exemplo, o objeto mar para algumas pessoas pode ter um valor de medo e pavor e para outras pessoas de tranquilidade e prazer. Portanto o que cada pessoa sente em relação a cada objeto e cada situação é fundamental para a interpretação do sonho. Portanto o significado de um símbolo dependerá sempre da associação do paciente que o sonhou.
O conteúdo manifesto não se mostra de forma coordenada em termos de palavras, frases, etc. os discursos são substituídos por “imagens visuais” as quais constituem a linguagem simbólica representativa de desejos e afetos reprimidos. “A interpretação de um sonho requer, pelo menos, que se conheçam as principais significações simbólicas, o que deve ser elaborado através do material derivado das Associações Livres. As imagens simbólicas constituem regressões a longínquas formas elementares do pensamento (REIS, 2009).
A análise dos sonhos pelos psicanalistas é uma excelente ferramenta no tratamento. Há quatro modos práticos que auxiliam na prática: empregando as associações relacionadas aos elementos dos sonhos na ordem que se surgem as imagens; empregando o trabalho de interpretação a um fato específico surgido no decorrer de todo o sonho; pode desprezar o conteúdo manifesto e fazer uma interpretação a partir de relatos de acontecimentos anteriores os quais correlacionam como o sonho narrado e, por fim deixar que o próprio paciente indique quais associações o sonho lhe traz. Cabe ao psicanalista fazer a análise do relato e não do sonho em si uma vez que o sonho é uma das manifestações do inconsciente. É a livre associação do paciente a real chave que traz os elementos latentes do inconsciente.
Há sonhos muito difíceis de se interpretar, mas aqueles que são mais compreensíveis têm como principal oponente as forças psíquicas responsáveis pelas distorções e censuras. O sonho é o elemento natural da vida psíquica onde os processos inconscientes são confessos servido de base para análise e compreensão do inconsciente e para revelar a personalidade humana, seus desejos mais íntimos, proibidos, recalcados e suprimidos pelo ego revelados através da associação livre. É a via para entrar no inconsciente e sua linguagem simbólica se torna um enigma a ser decifrado. Pelo sonho podemos vivenciar os objetos dos desejos recalcados onde procuramos o máximo da sua realização! Cabe ao psicanalista decifrar o enigma!
Fontes de consulta:
1 - CORREA, Fabiana Schimer; SANTOS, Gleyce Llavinya Costa dos; Sá, Katiele de Souza; KALB, Mayara Aparecida; CRUZ, Thalianny Lima da. Sonho: a Revelação do Inconsciente. Psicologado. Edição 11/2018. Disponível em <https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/sonho-a-revelacao-do-inconsciente >.
2 – site Psicologado, artigo: Os Sonhos na Concepção de Freud.
3 - LOPES, Rosimeri Bruno. Os Sonhos na Concepção de Freud. Psicologado. Edição 05/2012. Disponível em < https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/os-sonhos-na-concepcao-de-freud >.
4 - http://fundamentosfreud.vilabol.uol.com.br/sonhos.html. GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. 20. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.